Comlurb pretende ter cinco vezes mais ações de coleta seletiva em até quatro anos

A informação é do assessor da diretoria técnica industrial da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana), José Henrique Penido. Ele reconhece o problema, mas se mostra otimista ao citar um projeto da prefeitura junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para que a coleta seletiva seja ampliada em até cinco vezes nos próximos quatro anos.
- A coleta seletiva representa muito pouco diante do total de lixo recolhido no Rio. Não chega nem a 1%, mas o mais importante é que, dentro de quatro anos, vamos multiplicar por cinco o que coletamos hoje. Os estudos já estão sendo feitos. Será um alcance enorme porque o projeto do BNDES inclui a construção de galpões [de reciclagem] para os catadores.
Penido explicou que a prefeitura não possui nenhum galpão de reciclagem atualmente. A coleta seletiva ocorre em 42 bairros, onde caminhões passam nas datas previstas para recolher os produtos separados pela população (vidro, papel, metal e plástico). O material então é levado para a cooperativa mais próxima (são 1.740 cooperativas registradas), para a usina de compostagem do Caju (130 cooperativados) ou para a estação de transferência com catação em Irajá (40 cooperativados). Nestes locais, os resíduos passam por uma esteira e retira-se os produtos que podem ser reciclados.
Alto custo é obstáculo
A principal dificuldade na coleta seletiva hoje, segundo o especialista, é o alto custo que ela envolve, assim como a falta de consciência ambiental da população. Coletar uma tonelada de material reciclável custa cerca de R$ 850, mas os catadores só conseguem vender esta carga por cerca de R$ 150 a R$ 200.
- Coleta seletiva é caríssima. Recolher uma tonelada desse material demanda tempo e custa em média R$ 850, enquanto a coleta normal custa em torno de R$ 60. A ideia é conscientizar a sociedade. O caminhão não pode ficar correndo atrás do reciclável. É o reciclável que tem que correr atrás do caminhão.
- Coleta seletiva é caríssima. Recolher uma tonelada desse material demanda tempo e custa em média R$ 850, enquanto a coleta normal custa em torno de R$ 60. A ideia é conscientizar a sociedade. O caminhão não pode ficar correndo atrás do reciclável. É o reciclável que tem que correr atrás do caminhão.
Para José Henrique Penido, o ideal da reciclagem seria que a Comlurb, representando o poder público, participasse do processo somente como reguladora do sistema, sem executar. Mas, como o reciclável não é empresarialmente atrativo por ter baixo valor de mercado, a companhia de limpeza precisa continuar investindo, mesmo que seja o mínimo, para oferecer a atividade de reciclagem aos catadores.
- Milhares de cariocas dependem deste trabalho para sobreviver. Em muitos casos, a única renda familiar vem do lixo.
Tratamento não é obrigatório
Penido contou ainda que a Comlurb não pretende aumentar o número de usinas, pois, afinal, segundo regras ambientais internacionais, ela não tem a obrigação de tratar o lixo.
- O tratamento do lixo não deve ser visto como algo obrigatório por parte da Comlurb. O obrigatório é dar tratamento sanitário e ambientalmente adequado. Fazemos isso através dos dois aterros [Gramacho e Gericinó], de acordo com a recomendação de órgãos internacionais. Enquanto os aterros forem mais baratos, não precisamos encarar uma outra solução. Só vamos tratar todo o lixo quando encontrarmos uma forma que seja, no mínimo, competitiva com o aterro sanitário. Isso ainda não existe na realidade do Rio de Janeiro.
O servidor reconhece, porém, que faltam campanhas de conscientização por parte da Comlurb para que a população se sinta parte do processo de limpeza urbana.
- É preciso mais habilidade de conquistar a sociedade e informar sobre o trabalho que é realizado. A população joga lixo na rua, não sabe para onde vai nem quanto custa. Acho que a Comlurb tem que investir mais nisso.
O biólogo, mestre em ecologia e professor de gerenciamento de ecossistemas do Centro Universitário da Cidade, Mário Moscatelli, concorda.
- Somente a educação pode mudar a situação do lixo no Rio de Janeiro. Isso porque o poder público não tem empenho, e sofre dificuldades para aplicar a coleta seletiva e para reciclar os resíduos.
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